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sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Taxa variável em semeadoras

Nos últimos anos, por culpa da conjuntura político-econômica mundial, os produtores passaram a adotar uma postura empresarial para administrar o seu negócio: a produção de grãos dentro da sua propriedade. A adoção desta nova postura tem por objetivo produzir grãos com as seguintes expectativas:- otimizar o uso de recursos;- reduzir custos;- identificar estratégias para aumentar a eficiência;- maximizar a rentabilidade das colheitas;- garantir produtos com alta qualidade.Atingir estas expectativas é uma questão de sobrevivência no mercado.Dentro deste contexto, a utilização da Agricultura de Precisão (AP) é uma ferramenta que pode auxiliar os produtores a tornar o seu negócio mais competitivo.Embora não seja um conceito novo, a AP, vem tomando espaço nos países desenvolvidos, entre eles o Brasil, como uma alternativa de otimização da produção agrícola, porém, a sua implementação e aplicação em escala comercial têm gerado muitas expectativas e questionamentos.É inegável o fato de que a AP está se solidificando como uma tecnologia de ponta para a otimização da produção agrícola, tomada de decisões e administração da produção. A desuniformidade espacial dos solos agrícolas sugere o tratamento localizado para a racionalização do uso de insumos, objetivando a manutenção e/ou o aumento dos níveis de produtividade.Atualmente, com as informações de pesquisas disponíveis e com os conhecimentos práticos obtidos ao nível de campo, pode-se afirmar que a AP tem por objetivos:- Maximizar os Lucros;- Maximizar a Qualidade,- Minimizar o Impacto Ambiental para produzir grãos;- Minimizar os Riscos de produção.Existem duas alternativas estratégicas para obtenção de maiores índices de produtividade: a primeira é aquela em que se utiliza a mesma quantidade de insumos em aplicações uniformes. A outra, é aquela em que se obtém a mesma produtividade do que a anterior, porém, com menos insumos.Em geral, uma área, um talhão ou uma gleba, indiferente do seu tamanho, é tratada como sendo uma área totalmente homogênea. Desta forma a quantidade de insumos aplicada é determinada através de uma média, o que faz com que uma mesma quantidade de fertilizantes, por exemplo, seja aplicada em toda a área, atendendo, desta forma, apenas as necessidades médias da área e não as necessidades específicas de cada parte da lavoura.Independentemente da origem, por processos naturais de clima e solo ou por diferenças em manejos de culturas, a variabilidade de campo deve ser administrada apropriadamente.A AP sugere a aplicação de insumos no local correto, no momento adequado, em quantidades necessárias à máxima produção agrícola, para áreas cada vez menores e mais homogêneas, tanto quanto a tecnologia e os custos envolvidos permitam.Pode-se descrever resumidamente as etapas básicas da AP como:- coleta de dados;- planejamento e tomada de decisões;- aplicação localizada de insumos.No Brasil a AP está amplamente difundida no que se refere a monitores de rendimento de colheita e Aplicações em Taxas Variáveis (ATV) de calcário e fertilizantes, utilizando-se máquinas que realizam a aplicação a lanço.Mais recentemente a indústria de máquinas agrícolas começou a disponibilizar a possibilidade de realizar ATV utilizando-se semeadoras. A utilização de semeadoras possibilita a realização de ATV de fertilizantes e também de sementes. Esta possibilidade vem solucionar um dos grandes problemas da ATV de fertilizantes que é a aplicação de fósforo (P) a lanço. Sistema este, ainda muito discutido dentro do meio agronômico, devido a imobilidade deste elemento no solo. Com esta nova possibilidade de utilização das semeadoras, a aplicação de P será realizada de maneira incorporada ao solo, na linha de semeadura suprindo desta forma, a necessidade de incorporar o elemento.SemeadorasA realização de ATV em semeadoras não gera maiores dificuldades. A instalação dos equipamentos depende de cada modelo de máquina, porém, pode-se dizer que é possível instalar em qualquer tipo, modelo ou tamanho de semeadoras.A transmissão dos distribuidores de fertilizantes e sementes é realizada através de motores hidráulicos controlados por válvulas reguladoras de fluxo que por sua vez são controladas por um controlador eletrônico instalado no trator.Os motores hidráulicos são instalados de tal forma a transmitir o movimento para os eixos dos distribuidores de fertilizantes e/ou de sementes. Desta forma, não se utilizará as rodas das máquinas para originar o movimento de transmissão aos distribuidores.Filtro de óleo e válvulas controladoras de fluxo eletrônicas também fazem parte do “kit”. A instalação destes componentes também está na dependência do modelo da máquina.Como na semeadora há a possibilidade de realizar ATV para fertilizantes e sementes simultaneamente, deverá ser gerado um mapa de prescrição para fertilizantes e um mapa de prescrição para a semente.A questão da ATV de sementes ainda é muito questionada, talvez por não existir um parâmetro “concreto” e “palpável” para determinar a utilização de diferentes doses de sementes dentro da mesma área. Alguns produtores estão trabalhando com esta nova possibilidade e estão determinando doses diferentes em função da fertilidade do solo combinado com a disponibilidade de água, profundidade do solo e da variedade ou híbrido que será utilizado, ou seja, deve-se considerar os diferentes ambientes e os genótipos dentro de um mesmo sistema. A análise agronômica de todos estes fatores gera a quantidade de sementes que será utilizada em cada diferente ponto da lavoura.Na cultura do milho, por exemplo, a produtividade de grãos aumenta linearmente com a população de plantas até um máximo denominado “ponto crítico”, acima do qual a produção por planta decresce. Alguns pesquisadores observaram que a produtividade respondeu previsivelmente com a variação da população de plantas de milho, sendo as populações determinadas com base nas produtividades anteriores.Como resultado prático de ATV no plantio de milho pode-se citar um caso onde se aplicou dose variável de 40.000 a 70.000 sementes por hectare em uma área de 71,0 ha. Este plantio gerou uma economia de 18% na quantidade de sementes e ganhos de até US$ 44,00/hectare como resultado final, quando comparados ao plantio com dose fixa de sementes.A utilização das semeadoras para a realização de ATV permite ainda, agregar sensores nas linhas de semente e adubo para monitorar a distribuição destes insumos tornando a operação de semeadura ainda mais precisa e com alta qualidade. Sabe-se que falhas na distribuição de sementes podem gerar perdas irreversíveis na produtividade final de uma lavoura, principalmente em se tratando de plantio de milho, onde a falta de uma semente apenas, em um metro, pode gerar uma população de plantas 20% inferior ao ideal resultando em perdas de produtividade de até 30%.ControladoresUma série de opções de controladores eletrônicos está disponível no mercado brasileiro. Muitos deles foram desenvolvidos para trabalhar em máquinas distribuidoras de fertilizantes e calcário a lanço que podem não se adaptar à utilização em semeadoras, ao contrário de outros que foram desenvolvidos especificamente para trabalhar com aplicações em taxa variável de adubo e/ou semente em semeadoras. Uma exigência dos controladores para trabalhar em semeadoras na realização de ATV de fertilizantes e sementes, é que o mesmo tenha condições de controlar a distribuição dos dois insumos, ou seja, dois canais: um canal para fertilizante e outro canal para sementes. Alguns controladores não oferecem esta opção.Outro fator muito importante relacionado aos controladores é no que refere a linguagem e unidades de medida. Como a grande maioria dos controladores disponíveis no Brasil é importada, podem se apresentar na linguagem de origem (inglês, espanhol,...) o quê dificulta o trabalho, principalmente do operador. Também as unidades de medida podem ser apresentadas diferentemente daquela que estamos acostumados, por exemplo: medidas de área em acres; distância em milhas; velocidade em milhas por hora,... Portanto para facilitar a utilização do controlador e também a operacionalidade do mesmo, deve-se buscar um controlador que já esteja adaptado às nossas condições tanto de linguagem como das unidades de medida.Ainda assim, para evitar a utilização de vários aparelhos na cabine do trator, pode-se buscar equipamentos modernos que executam várias funções simultaneamente. Atualmente existem controladores, de última geração, que combinam as funções de monitoramento das linhas de fertilizantes e sementes com a função de controlar aplicações em taxa variável de adubo e/ou semente. Esta possibilidade substitui tecnologias, hoje obsoletas, que requerem a utilização de dois ou três consoles instalados no trator.Controladores com tecnologia avançada apresentam tela colorida com sistema touch screen interativa que facilita a operação e entendimento do sistema por parte do operador.O processo é muito simples: depois de gravar o mapa de prescrição em um cartão de memória, o operador introduz o cartão no aparelho e já pode iniciar o plantio. O equipamento se encarrega de fazer as variações de doses de forma automática, tanto do adubo como da semente. O aparelho realiza simultaneamente o monitoramento da densidade de semeadura e adubação, em tempo real, alertando o operador através de alarme sonoro a ocorrência de falhas. Toda a informação é gravada no cartão de memória permitindo o processamento e análise dos dados de plantio em um PC, após a realização dos trabalhos.Diferentemente de outras operações, a semeadura de uma cultura é realizada somente uma única vez durante o seu ciclo e é esta operação que irá determinar o potencial produtivo da lavoura, isto acentua sobremaneira a importância desta operação. É com este objetivo que as empresas estão disponibilizando estas novas tecnologias com a utilização de equipamentos avançados que permitem aumentar a qualidade e a precisão da operação de plantio.

ENG.-AGR. EDUARDO COPETTI
Gerente Desenvolvimento Mercado/Produto
SEMEATO S.A. Indústria e Comércio.

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